Mas, mesmo com uma casa, bens, uma família construída, algo estava faltando. Embora tudo fosse bom, eu usava um chapéu que bloqueava minha visão do céu. Será que celebrar o sucesso era tudo que restava? Estranhamente, parecia que a vida já tinha um roteiro escrito, e eu apenas precisava vivê-la. Mas valeria a pena, se tudo já estava pré-determinado e repetido bilhões de vezes?
Não sei se era genialidade demais entender todos os fios que conectavam as coisas, ou pessimismo demais para não ver a beleza nisso. Era uma situação amarrada e terrível; antes de eu nascer, tudo já estava definido.
Tudo parecia certo, quase bom, mas algo obscurecia meus olhos; minha visão não estava totalmente clara. Era como se faltasse um par de óculos. E mesmo ao usá-los, o mundo ao redor permanecia embaçado, nunca completamente nítido.
Eu daria à minha vida uma nota 7/10: acima da média, mas nada surpreendente. Será que algo inesperado iria me arrancar dessa rotina e me tornar um herói? Será que minha vida seria insignificante comparada às biografias que li?
Será que os sonhos da minha infância eram compartilhados por todas as crianças? Claro, essas fantasias raramente se concretizam. Todo esse excesso acaba descartado, considerado um desperdício inútil. Parece que as forças do caos se organizam e transformam-se em ordem, assegurando que tudo funcione conforme o planejado.
Se era para viver o mito de Sísifo, seria mais fácil desistir do alto de um oitavo andar? Sacudi minha alma com força. Era essa a maldita vida? Não era possível que eu tivesse nascido apenas para isso.
Num impulso, soquei o vidro com a mão. Foi um gesto irracional. Olhando para a palma da minha mão, senti apenas uma ardência intensa. Que tipo de dor era essa que eu mesmo havia provocado, e por que parecia tão estranhamente satisfatória? Olhei pela janela e, apesar da dor, sorri. Aquela janela que nunca me deu a cor real das coisas. Então, pulei e saí correndo sem rumo, sem sentido, sem planos. Corri como quem busca chegar em primeiro lugar, mas sem um destino definido.
Eu daria à minha vida uma nota 7/10: acima da média, mas nada surpreendente. Será que algo inesperado iria me arrancar dessa rotina e me tornar um herói? Será que minha vida seria insignificante comparada às biografias que li?
Será que os sonhos da minha infância eram compartilhados por todas as crianças? Claro, essas fantasias raramente se concretizam. Todo esse excesso acaba descartado, considerado um desperdício inútil. Parece que as forças do caos se organizam e transformam-se em ordem, assegurando que tudo funcione conforme o planejado.
Se era para viver o mito de Sísifo, seria mais fácil desistir do alto de um oitavo andar? Sacudi minha alma com força. Era essa a maldita vida? Não era possível que eu tivesse nascido apenas para isso.
Num impulso, soquei o vidro com a mão. Foi um gesto irracional. Olhando para a palma da minha mão, senti apenas uma ardência intensa. Que tipo de dor era essa que eu mesmo havia provocado, e por que parecia tão estranhamente satisfatória? Olhei pela janela e, apesar da dor, sorri. Aquela janela que nunca me deu a cor real das coisas. Então, pulei e saí correndo sem rumo, sem sentido, sem planos. Corri como quem busca chegar em primeiro lugar, mas sem um destino definido.
Talvez eu devesse ter feito isso desde sempre, vivendo algo completamente diferente de tudo o que se esperava.
Salvador - BA - 2024