Aqui descrevo um dia normal de uma pessoa totalmente normal.
Começou com uma leve ondulação na visão, uma dança sutil de luz e sombra. A tontura veio como um sussurro, trazendo consigo pontos pretos que flutuavam como estrelas efêmeras. Na periferia do olhar, pontos coloridos piscavam, e a sensação de um corpo dentro de outro tomou conta. Tudo parecia mais leve, como se eu vestisse uma roupa de astronauta, flutuando no vácuo.
As ondas de cor e luz tornaram-se mais intensas, bolhas de sabão refletindo o arco-íris ao meu redor. Cada movimento gerava vibrações, e uma pessoa em movimento desenhava ondas coloridas no ar, engraçadas e encantadoras. Pensamentos incompletos desvaneciam em risos, palavras se transformavam em piadas sem sentido. O mundo flutuava e se distorcia, paredes encolhiam e cresciam.
Meu corpo parecia distante, como se minha alma estivesse voando. Sentia o ambiente de uma maneira nova, diferente, como se tocasse dimensões invisíveis. Os sons vinham de lugares inesperados, confusos, como ecos de um sonho. Tudo o que eu pensava se materializava na minha frente, borrado e distorcido, a imaginação se tornando realidade.
Meu amigo andava pelo corredor, e quanto mais longe ele ia, menor se tornava, até caber na palma da minha mão, desaparecendo em um quadro na parede, como se entrasse em uma tela mágica. Olhei para o chão e vi através das paredes, até o estacionamento, os carros como brinquedos e as vigas de ferro como linhas delicadas.
A revelação veio como um raio de luz, clareando a mente: a humanidade sabia tão pouco sobre o universo. A ciência, uma vela solitária na vastidão da ignorância. E eu, agora, via além, abria minha mente para a infinidade do desconhecido. Tudo ao redor era deslumbrante e encantador.
Assistir filmes era mergulhar nas emoções dos personagens, sentir o que eles sentiam. Eu estava lá, atrás das câmeras, no momento exato da gravação. Ao assistir "The Godfather", senti-me no estúdio, vendo a mágica acontecer em tempo real, como se a história se desenrolasse diante dos meus olhos, viva e pulsante.
Covil - Poços de Caldas - MG - 2018