O dia que eu salvei uma vida

Eu estava preparando o meu lanche no final do dia: um pão francês com presunto e muçarela com manteiga. Fui levar a faca até a pia, quando vi, no ralo, um pequeno inseto tentando sair. Ele subia na borda do ralo e caía repetidamente, sem sucesso. Quando caía de pernas para cima, movia-as rapidamente, como se estivesse desesperado.

Meu olhar se focou naquela pequena situação. Eu poderia continuar a minha rotina e fazer o meu lanche, mas ignorar aquilo? Parecia um ser desesperado. Peguei uma colher e a ofereci para que ele subisse. Coloquei o inseto em cima da pia, e ele saiu correndo, livre, movendo as antenas como se tentasse entender aquele novo ambiente.

Não consigo imaginar o que ele pensou. Depois, ele foi embora. Esse deveria ser um dos dias mais alegres da minha vida: eu salvei uma vida. Poderia até sair nos jornais. Fiz uma boa ação, mas será que realmente teria valor? Quem veria isso com valor? Salvar um pequeno inseto na pia?

Por que isso não tem valor? Um inseto não é uma forma de vida, como um ser humano, só de outra espécie? Mas quando eu salvo um cachorro da vida ou da morte, um gato, ou até um tucano, isso tem valor, não? São de outras espécies, e mesmo assim é valorizado.

Então, seria pela escala da situação? Um pequeno inseto, mal dá para ver. Quantos morrem e você nem percebe? O tamanho importa tanto assim? Então a vida de um elefante valeria mais que a de um ser humano? E a vida de um cachorro, valeria menos?

A vida de um adulto vale mais que a de uma criança por ser maior? Não sei. Enfim, salvei uma vida. Talvez isso fosse uma grande coisa na minha vida.

São Luís - MA